quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mulheres que inspiram: Fawzia Koofi

Minhas queridas filhas,
Hoje vou tratar de assuntos políticos em Faizabad e Darwaz.
Espero regressar a casa em breve, mas tenho de vos avisar de que isso pode não acontecer. Ameaçaram matar-me nesta viagem.
Quero que saibam que tudo o que faço é para que vocês sejam livres de viver as vossas vidas e de sonhar os vossos sonhos. Se me matarem e não voltar a ver-vos, quero que se lembrem disto.
Sejam corajosas. Não tenham medo de nada na vida…
Um beijo para as duas.
Amo-vos.
A vossa mãe
O texto acima é um trecho do livro Às Minhas Filhas, Com Amor (2011), da primeira mulher a ocupar a função de vice-presitente do parlamento afegão, Fawzia Koofi. 

Assim como muitos de vocês, eu também não conhecia esse nome, mas lendo uma reportagem na última edição da revista Cláudia, não pude deixar de me emocionar com a história e a coragem desta mulher que, desde o nascimento, vem lutando diariamento pela própria sobrevivência e das demais mulheres do Afeganistão.


Fawzia Koofi, 36 anos, nasceu na província de Badakhchan, uma zona agrícola, muito pobre, no noroeste do Afeganistão. Assim como milhares de bebês do sexo feminino nascidos no Afeganistão, Fawzia não era desejada pela família e logo após seu nascimento, foi deixada sobre uma pedra, para que a própria natureza se encarregasse de levá-la. Dias depois, foi levada devolta para casa por um grupo de pessoas e, desde então, tratou de provar para o mundo que era mais forte que as tradições e o preconceito.

Apesar da forte oposição do pai e dos irmãos, Fawzia completou o ensino médio e entrou para uma concorrida escola de medicina. Assim que o governo Talibã assumiu o poder em 1995, entretanto, o acesso das mulheres as escolas e universidades foi proibido, o que impediu Fawzia de terminar o curso.

Depois da queda dos talibãs, em 2001, Fawzia retomou os estudos (hoje é advogada) e começou a se envolver em projetos sociais ligados à ONU e à UNICEF. Em 2005, conseguiu uma cadeira no parlamento afegão e para as eleições em 2014, planeja sua candidatura para a presidência do país.

  
"Apesar das dificuldades, meu segredo foi não desmotivar nunca. Sempre acreditei em mim e na minha capacidade de mudar as coisas, e abrir o caminho para outras mulheres que vêm atrás."

Para nós, que nascemos e vivemos em uma sociedade "democrática", a história de Fawzia parece muito distante e até absurda. Nós que já nascemos vendo nossas mãe trabalhando fora, votando, estudando, se divorciando, nos esquecemos que, até que esses direito nos fossem "concedidos", houve muita luta, muito sacrificio.

Acessem o site de Fawzia Koofi, conheçam sua história e inspirem-se!